segunda-feira, março 05, 2007

Entidades condenam venda de rádios e TV Guaíba à Record

No dia 21 de fevereiro, foi noticiada a venda das Rádios Guaíba AM, FM e da TV Guaíba, da Empresa Jornalística Caldas Jr., para a Igreja Universal, proprietária da Rede Record. Entidades do setor lamentam a transação, destacando que concessões públicas são negociadas como produto e que a última televisão independente do Rio Grande do Sul passa a integrar uma rede nacional.

O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão do RS condenou em nota oficial a venda de concessões de rádio e TV, questionando os objetivos desse procedimento. Também o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Rio Grande do Sul manifestou-se sobre o assunto. Igualmente em nota oficial, ressalta que a comunicação é tratada no país como um negócio, sem compromisso social.

Diz a nota dos jornalistas gaúchos: “Todos sabem que a operação de emissoras de rádio e TV dependem de concessão pública definida e delimitada em lei federal. Se, por qualquer razão, o permissionário não está mais interessado em operar, deve devolver sua licença ao Ministério das Comunicações e negociar apenas o patrimônio físico - prédios e equipamentos. Neste caso, como em todos os 'negócios' que ocorrem no Brasil, os donos da mídia privada vendem as concessões públicas com toda a liberdade e cumplicidade do Governo Federal. Ganham dinheiro com o que não é seu, mas de toda a sociedade brasileira”.

A entidade dos jornalistas também indaga sobre o destino do atual contrato da rede Record com a TV Pampa, emissora gaúcha. O documento prevê retransmissão de seu sinal em Porto Alegre até meados de 2008, e até o final de 2009 para emissoras no interior do Rio Grande do Sul.
Programação regional prejudicada
A tendência de formação de redes nacionais em detrimento aos veículos independentes e locais é outra preocupação. As redes, em nome da redução dos custos, terminam por empobrecer a oferta de conteúdo regional, como lembra Celso Schröder, coordenador do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e secretário-geral da Federação Nacional dos Jornalistas. Ele observa que a está ocorrendo a verticalização da propriedade de diferentes veículos no RS e teme que a Igreja Universal imponha o seu "pensamento único" nas transmissões.

Na opinião do dirigente sindical e do FNDC, a venda para a Rede Record simboliza uma quebra na filosofia da Empresa Jornalística Caldas Jr. “Nos anos 70 e 80, ela passou por uma grande crise financeira, e mesmo assim, Breno Caldas, que a presidia, recusou diversas ofertas de compra, inclusive da Rede Globo, para que a propriedade permanecesse local”, lembra Schröder. O grupo foi comprado em 1986 pelo empresário do agronegócio e economista Renato Bastos Ribeiro.

Já o presidente da Associação Rio grandense de Imprensa, Ercy Pereira Torma espera que a Igreja Universal não use os canais prioritariamente para a transmissão de cultos, por serem concessões públicas.

Fonte:Redação FNDC - Fitert

Nenhum comentário: